Meirelles diz que criou fundo em paraíso fiscal para administrar sua herança
A mais importante personagem do governo golpista de Michel Temer, seu ministro da Fazenda Henrique Meirelles, criou um trust, um fundo off shore, no paraíso fiscal de Bermudas, por ele denominado Sabedoria Fondation
Essa informação foi divulgada pela mídia online "Poder360", um de quase uma centena de informativos de imprensa que analisaram milhões de documentos do caso denominado Paradise Papers, sob a coordenação do ICIJ Consórcio Internacional de Jornalismo de Investigação.
A investigação foi feita por 382 jornalistas de quase 100 veículos, que analisaram mais de 13 milhões de documentos que compreendem um período de quase 70 anos (1950-2016). Os documentos foram vazados de dois escritórios especializados em abrir offshores, o Appleby e o Asiatici Truste.
A criação de um trust em paraíso fiscal não é absolutamente atividade ilegal e a legislação brasileira é omissa a respeito.
Ocorre que o ex presidente da Câmara Federal, Eduardo Cunha, encontra-se preso desde 19.10.2016, após ter sido descoberto que propinas e recursos derivados de corrupção eram creditados em suas contas trust em off shore. Na ocasião, suas alegações e justificativas foram na direção de que esses recursos eram originados de atividades empresariais associadas a exportações.
Por sua vez, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, declarou nesta 2ª feira, 06.11, por meio de nota à imprensa, ter criado esse fundo no paraíso fiscal das Bermudas para gerir parte de sua herança. Mencionou que a aplicação dos recursos foi declarada à Receita Federal e ao Banco Central.
“Foi feita uma pequena doação inicial visando constituir a entidade. E depois disso a entidade está inativa. A partir do momento que ocorrer o meu falecimento, uma parte da minha herança será doada para esta entidade para aplicar exclusivamente em educação no Brasil”,
explicou o ministro da Fazenda.
Ele disse ainda que essa era a maneira “mais eficaz e objetiva” para direcionar os recursos definida por seus advogados.
“As regras de aplicação são muito claramente definidas. Garantem a aplicação de recursos de herança de maneira muito eficaz”,
disse.
O ministro da Fazenda acrescentou que, na época em que criou o fundo, morava no exterior.
“Na época, dirigia uma grande instituição financeira internacional. Morava no exterior. Ela [a entidade], portanto, foi constituída no exterior”,
explicou.
Segundo matéria da Agência Brasil, Meirelles e o ministro de Agricultura, Blairo Maggi, estão entre dezenas de políticos mundiais ligados a empresas em paraísos fiscais, de acordo com uma investigação divulgada neste domingo simultaneamente por vários veículos da imprensa mundial.
Os documentos mostram que o contrato do fundo foi registrado no fim de 2002, a partir de uma doação de US$ 10 mil, realizada pelo próprio Meirelles, que, pouco depois, assumiu o cargo de presidente do Banco Central, no qual ficou até novembro de 2010.
Meirelles disse ao "Poder360" que o Sabedoria Foundation ainda não recebeu ativos e que o fundo receberá parte de sua herança quando ele morrer.
Presidência da República
Oportuno lembrar que, em 30.10, o ministro Henrique Meirelles declarou-se pré candidato à presidência da República.
Na entrevista à rádio, Meirelles também afirmou que “não tem obsessão em ser presidente da República”. Ele disse, contudo que “tem consciência de que é presidenciável”.
“Tenho consciência porque as pessoas me dizem isso todos os dias, sejam políticos, pessoas que encontro na rua. Existe uma expectativa de um certo número de pessoas”,
afirmou.
“No momento, estou concentrado em colocar o país de volta ao crescimento. No futuro, vamos ver qual é a melhor maneira, se existe alguma, de servir ao país. Eu não tenho como alguns políticos um desejo específico, uma obsessão de ser presidente da República”,
disse.
“Foi feita uma pequena doação inicial visando constituir a entidade. E depois disso a entidade está inativa. A partir do momento que ocorrer o meu falecimento, uma parte da minha herança será doada para esta entidade para aplicar exclusivamente em educação no Brasil”,
explicou o ministro da Fazenda.
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